7/13/2009

Imputando responsabilidade

O Grêmio Gaviões da Fiel Torcida é ao mesmo tempo uma torcida organizada do Corinthians e escola de samba em São Paulo, a primeira a ter uma estrutura administrativa interna regida por um estatuto único.

Inicialmente como uma ala da Vai-Vai, em 75 começou a desfilar seu bloco no desfile de blocos de São Paulo, tornando-se campeã por 12 vezes em 13 anos. Em 91 ganhou o Grupo de Acesso e após um 2° lugar em 94, sagrou-se campeã em 95 com o enredo “Coisa Boa é para Sempre”, constantemente lembrada nos estádios e entre os sambistas.

Foi em 95 que tive meu primeiro contato com a orgazinada, me tornei sócio, participei dos ensaios na quadra, sambei na ala dos palhaços, participei de caravanas, ajudei nas ações assistenciais que aconteciam na Favela do Vietnã (Prox. à Água Espraiada) e fui no HSBC o gerente responsável pela cobrança da agremiação por 4 anos.

Durante este período presenciei o que existe de melhor e de pior, vi um grupo focado num amor tão grande que qualquer decepção transformaria tais apaixonados em selvagens, mas claro isso não é uma regra, tão pouco estou criticando as atitudes destes torcedores. Fato é que tudo está bem quando o time vai bem.

Não sou radical como o jornalista Flávio Prato que prefere impor o rótulo de bandidagem aos organizados, mas de certo que os marginais – aqueles que utilizam-se de armas e força bruta para imputar suas irracionalidades - eles estão usando o manto da organizada para se dispersar na multidão.

Recentemente tivemos uma situação pra lá de estranha no jogo contra o Vasco, onde houve um encontro de torcedores organizados e uma atuação desastrosa da PM resultou na morte de um torcedor do Corinthians. A culpa? Recaiu sobre tais “marginais”, porém o que ocorreu mostrou a fragilidade da segurança pública em se comunicar.

Nos Gaviões – como em qualquer grupo – haverá quem seja marginal, bandido, drogado e isso se repetirá nos bairros mais nobres como nas principais favelas, não podemos imputar responsabilidades sobre o manto de uma torcida o que é um mal da sociedade.

Respeito as opiniões distintas, mas existem formas inteligentes de se organizar ações dentro e fora dos estádios, existe efetivo suficiente para manter a organização e a vida dos torcedores. Hoje qualquer celular filma, tira foto, existem câmeras em todas as grandes avenidas, basta se utilizar das tecnologias corretas e principalmente comunicação. Vale lembrar que os clássicos cariocas, as ruas são delimitadas de tal maneira que adversários não se encontram, mas não finda com a violência, apenas diminuem as reportagens no dia seguinte sobre as brigas entre torcidas.

No Blog do Poeta Álvaro Alves de Faria, ele relata a ameça que sofreu depois de comentar o que achou irônico o fato do presidente do Corinthians – do qual não sabe o nome – tenha se manifestado como primeiro ato como presidente de que não jogaria no Morumbi, usando-o como exemplo pior ao criticar as mazelas do doutor vereador tricolor Marco Aurélio Cunha e do presidente do SPFC Juvenal Juvêncio proferem para cutucar os adversários e incitar a violência. Álvaro é torcedor do São Paulo, mas o faz sem muita vontade ou acompanhamento.

Ao publicar seu manifesto de repúdio contra as mensagens recebidas e a ameaça de morte por conta de um comentário irônico – pequeno diga-se – frente à real ameaça das organizadas, o poeta mostrou ainda mais sua simplicidade em tratar do caso, rotulando mais uma vez, a ação de um marginal sem identidade à agremiação, como se este fosse o porta-voz ou o assessor de imprensa que representa uma torcida inteira.

Entendo a necessidade em se divulgar, criticar e cobrar, mas que façamos de maneira correta, coerente, convergente às reais situações de nosso cotidiano, se não teremos uma inversão de ideais, haverá aquele que mandará mensagens para os principais jornalistas como se fossem de agremiações para imputá-las culpa, quem use o manto adversário para prejudicar o time, pois o que mais existe no país é a injustiça. E pior, a injustiça da palavra dita, não tem volta!

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