Esta é uma continuação, com outro ponto de vista, sobre o texto original do post "Uma boa resposta"! O texto abaixo é do jornalista Milton Neves, publicada com exclusividade pelo site Futebol Interior. Grifei em negrito as partes que considero pertinente. Lembrando que este texto é a opinião de Milton Neves, a qual este blog concorda parcialmente, publicando na íntegra, sem comentários adicionais para não influênciar no julgamento do leitor.
O ESCORPIÃO TAMBÉM NÃO DESISTE:
Não quero que ninguém se coloque no meu lugar.
Por dois motivos:
1. A dor, a alegria, as decepções e as conquistas são sentimentos muito pessoais e é tolo querer transferi-los a quem quer que seja.
2. Cada ser humano é um universo à parte e cada tem a sua importância.
O meu caso, por exemplo. Garoto pobre, nascido e criado numa pequena cidade do interior de Minas Gerais. Minha história de vida é única, como é única a sua história, caro leitor.
Ao contrário de muitos ou de alguns, passei por dificuldades na infância, é verdade. Mas isso, para o bem de minha saúde física e mental, não me transformou numa pessoa recalcada ou frustrada. Pelo contrário, olho para minha origem e valorizo o que tenho hoje. Inclusive os amigos. Além disso, desde menino tive dentro de mim esta disposição para enfrentar o mundo, para saber que tinha força suficiente para superar barreiras. Quaisquer que fossem. Que iria chegar lá. Os franceses chamam de "joie de vivre", alegria de viver, numa tradução literal. E é assim que eu sou, gosto de viver, de levantar o moral das pessoas, de incentivar quem começa.
Até mesmo o pobre diabo que vive a me atacar, por puro despeito, é testemunha disso. A pedido do próprio, dei o primeiro emprego a um de seus parentes mais próximos.
Orgulho-me desta minha característica, que procuro passar para os meus próprios filhos. Sou uma pessoa estressada, mas que sorri todos os dias e aprendi com o tempo que esta, no fundo, é a grande conquista de nossa existência: conseguir ser feliz.
Sempre quis ser jornalista, o jornalismo não aconteceu por acidente na minha vida. Não fui premiado como o anão do orçamento João Alves que queria que acreditássemos que ele havia ganho sozinho, muitas vezes, na Loterial Federal. Não me encontrava anônimo numa Faculdade e a maior Editora do país, assim distraidamente, ao acaso, me "convidou" para trabalhar na sua biblioteca, pagando-me um "ótimo salário".
Como não vivi uma experiência, altamente "verossímel" como a aí de cima, tive mesmo que entrar para a Faculdade e ostento com orgulho meu diploma de jornalista. Antes, me "formei" lendo A Gazeta Esportiva, o Mundo Esportivo, vendo as TVs Record e Tupi e ouvindo as Rádio Bandeirantes e a famosa Equipe 1040.
Minha primeira paixão profissional, que até hoje mantenho e cultivo, foi o rádio. Sem nenhum pedantismo, porque sou um caipira, como todos sabem, não preciso contar minha história profissional neste veículo. Ela está aí, gravada, literalmente, nas fitas e nos arquivos da Rádio Jovem Pan e, hoje, da Rádio Bandeirantes, esta sim, a mais importante emissora de rádio do país, como é de conhecimento geral.
Tinha muita vontade de fazer televisão. J. Háwilla, hoje dono de três emissoras Globo, me convidou. Fiz o Super Técnico, do qual ainda sinto saudade e não parei mais. De novo, desculpem-me, mas não preciso relatar o que já fiz na TV. Nem o que vou fazer a partir do dia 14 de abril, todas às noites, de 2a. a 6a. na Band, a partir das 9 da noite. E, voltando no domingo, com o Terceiro Tempo, a partir das nove e meia, também da noite, sempre na Band, já neste dia 30. Nunca fui demitido na vida, nunca fiz lobby. Lobby sem talento resulta em demissão de prazo certo. Tem gente, por exemplo, que foi sucessivamente demitido da Rede Globo, SBT, Editora Abril e Rede TV, entre outros veículos.
Gostava de jornal. Tenho hoje uma página no vibrante e popular Agora, do Grupo Folhas. Tenho meu blog, meu site. Estou até em Placar. Tenho um escritório-bureau de mídia, de boi e de salinhas, salonas, apezinhos e casinhas.
Em todos estes veículos procuro transmitir otimismo e felicidade, porque no fundo a gente só consegue transmitir o que sente. Se você é rancoroso e tem ódio, imagine o que vai transmitir para as pessoas?
O rádio, então, faço brincando por horas e dias, sem gaguejar. E com uma voz que Deus me deu e que, dizem, é agradavelmente sonora.
Se faço testemunhal de muitos clientes? Faço sim. E muito bem feito. Aliás, acabei de renovar com a Brahma, de quem sou contratado há cinco anos. O quinto ano já está rolando.
Agora, para a maior cervejaria do mundo, eu disse do mundo, assinar com você, é preciso que sua imagem seja positiva. E que permaneça assim através dos anos. Porque, pode ter certeza, amigo, a coisa que empresas do porte da Ambev e da Inbev mais faz é pesquisa. Principalmente sobre seus contratados, é evidente.
É, pois, um orgulho para mim ser escolhido por multinacionais para fazer testemunhais. Porque, afinal, para você ser garoto-propaganda é preciso que o convidem para ser garoto propaganda!. Lamentavelmente para alguns, no entanto, as uvas estarão sempre verdes.
Amo minha profissão e amo o futebol, que me deu quase tudo na vida.
Por isso, fiquei muito triste quando descobri, depois de alguns anos de trabalho, o que certos colegas de profissão fazem. E fazem às escondidas. Antes de criticarem os cartolas e a estrutura do esporte, que muitas vezes é viciada, eles precisariam dar exemplo. E não dão.
É correto morar na casa de um jogador em atividade e, ao mesmo tempo, escrever sobre ele? Ou ter relação comercial com a empresa de um entrevistado, na mesma época da entrevista e escamotear o fato do leitor? E com a matéria ainda tendo repercussão comercial quanto ao tema "direitos de TV"? É correto? É ético?
Menino romântico, "asistindo jogos pelo rádio", nunca imaginava que pudesse existir tal podridão no jornalismo esportivo destes falsos moralistas. Prostituas das palavras, faladas e escritas, posando de vestais.
Que se utilizam de um semi-analfabeto, com claros sinais de retardamento mental, como laranja num blog pirata, já expulso de portais sérios como o Terra e UOL.
Que se expõe ridiculamente com uma manobra tão tosca, hoje comentada como piada por toda a imprensa esportiva.
Que indica, formal ou informalmente, ocupantes de cargos políticos e que tentam manipulá-los quando estão no poder.
Que isenção teria, teve ou tem um jornalista para criticar quem foi seu "ex-patrão"?
É curioso virar censor depois de ter sido corretor, agente e empresário que negociou para um amigo e Cliente (por definição aquele que recebe cobrança por Nota Fiscal) um posto no poder.
Como o tempo passa, o dízimo recebido lá atrás do entrevistado está completando 15 anos. Para haver sintonia com a efeméride, o conveniente seria festejar a data num baile de debutante. Eu poderia providenciar "as Brahmas" para a ocasião. Tenho algum prestígio na empresa.
É o risco que se corre de ser camaleão e escorpião ao mesmo tempo.
Pode-se levar dedo na fuça na presença de outros jornalistas, ser chamado de "populista futebolístico" por Diogo Mainardi, de escada de colegas "mais competentes" por uma Veja. Ou, mais grave, de primeiro jornalista-estelionatário da Internet, por site também caipira com milhões e milhões de page-views, segundo o Google.
Nisso, sem provas cabais (que me estão sendo prometidas e tão logo cheguem às minhas mãos a elas darei publicidade com certeza), não posso acreditar e não gostaria de acreditar.
Mas como a gente não esquece o que aprendeu na infância, lembro-me que em Muzambinho não havia telefone, só sinal de fumaça. E onde há fumaça...
Assim, mesmo estarrecido com estas audácias que dizem ter existido, tenho certeza de que a maioria, a imensa maioria dos jornalistas esportivos, não age dessa maneira.
Tenho certeza de que nossa classe está repleta de gente talentosa, de bem com a vida, que não passa suas horas se martirizando com o sucesso alheio.
Tenho (quase) duas netas e me emociono só de me lembrar delas. Quero, sobretudo, que elas saibam que passei pela vida construindo, não destruindo.
Salas, salonas, casinhas, casões, terrinhas, fazendões, tudo isso é efêmero e material.
O maior patrimônio que quero deixar a meus filhos, netos e bisnetos é simplesmente meu nome e minha trajetória na vida. Isso é imorredouro.
Por isso vou continuar sorrindo, brincando, abrindo frentes de trabalho, ajudando as empresas a se darem bem e patrocinarem e apoiarem cada vez mais programas esportivos. Porque aí o círculo se completa e se renova e novos espaços, empregos, salários, cachês são conquistados para os profissionais da área. Porém, sempre combatendo quem acha normal e ético receber dinheiro do entrevistado em relação comercial simultânea.
A propaganda comercial é a única forma de um orgão de imprensa alcançar a liberdade de expressão.
Qual é a revista que mais denuncia neste país? A revista Veja, todos sabem.
Qual a revista que possui maior número de anúncios neste país? A revista Veja, de longe.
Mera coincidência? Claro que não. Quem vê um palmo à frente do nariz, sabe disso.
Menos o escorpião. Que não desiste nunca. De fazer o mal.
Só que, mais cedo ou tarde, o mal reverte. E reverte primeiro travestido em complexo e inveja. E, depois, em pura paranóia...