2/27/2013

A injustiça fortalece!

injustiça-brasil

Texto do amigo Sergio Alvarenga enviado para Mário, Roberto e Duilio.

Queridos Mário, Roberto e Duílio,

Vocês que me conhecem bem, sabem que sou advogado criminalista.

Há 20 anos, milito diuturnamente na defesa de pessoas acusadas de práticas ilícitas. Algumas culpadas, sim. Muitas, não.


É fácil deduzir que, em todo esse período, já me deparei com muita injustiça. E já estive ao lado de muitos injustiçados.


Sentir-se injustiçado é dos sentimentos mais dolorosos com os quais já convivi. Machuca forte. Avilta. Revolta. Provoca náuseas. Provoca ira.


E é curioso como, paradoxalmente, é um sentimento que, ao mesmo tempo, carrega de forças o injustiçado.


Sou testemunha de que, enquanto aqueles condenados que têm culpa se entregam à depressão, ao ócio, à pasmaceira, à aceitação; os condenados injustiçados, de sua banda, procuram trabalho, querem se ocupar, tornam-se líderes, altaneiros, ainda mais guerreiros.


Lembro-me, especialmente, de uma cliente que, já há muitos anos, foi presa em uma audiência. Era dia 23 de dezembro, antevéspera do Natal. Ela era uma senhora elegante, altiva, bem situada financeiramente. Só estava envolvida no caso porque o marido, ele sim picareta, a colocara como sócia de suas empresas. Ela, contudo, uma dona de casa, dedicada aos filhos, não tinha nem sequer conhecimento das ações do marido.


Apesar disso, o Juiz determinou sua prisão. Na oportunidade, fiquei tão alucinado com a injustiça que, por muito pouco, não parti para as vias de fato com o magistrado. Perdi a razão. Chamei-o de irresponsável, leviano e mais coisas impensadas. Para vocês terem uma ideia, a própria cliente, que esteva sendo presa, pedia calma para mim. Fosse o Juiz mais corajoso e também eu teria sido preso.


Por que conto isso? Porque nos cerca de 15 dias em que ela ficou presa – evidentemente foi solta por um HC e depois absolvida! – aquela senhora, aparentemente frágil, misturada na cela com mulheres com muitos antecedentes criminais, suportou aquela injustiça com uma dignidade invejável.


Incrivelmente, ela liderou um movimento de confecção de roupas de lã para carentes. Ensinou as demais presas a fazerem tricô, comprou o material e organizou uma verdadeira linha de produção na cadeia.


Mesmo depois de solta, voltava para acompanhar o “projeto” que criou.


Nunca me esquecerei disso.


Não é à toa que o grande Rui Barbosa já disse que: “A menor injustiça pode operar instantaneamente as mais sanguinosas comoções, como uma gota d´agua, poderá determinar o esboroamento de um dique fendido lentamente pelos anos, ou a mínima fagulha produzir uma conflagração num depósito subterrâneo de explosivos”.


Fomos todos injustiçados. Torcedores, diretores, comissão técnica e atletas. Pagaremos pelo que não fizemos.


Porém, estou absolutamente confiante que vocês, Tite, jogadores, serão impulsionados por essa poderosa força que move os injustiçados e darão ainda mais suor que o habitual, para honrar nossa centenária história.


E assim, tão logo os portões do Pacaembu sejam reabertos, todos nos confraternizaremos num metafórico abraço de orgulho e de saudades.

Que Deus os abençoe!

 

Não sei a opinião de vocês, mas particularmente eu estou motivado!

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