9/22/2009

Quanto vale o show?

Obviamente que o torcedor corinthiano ou até mesmo o simpatizante do futebol já escutou algum grito da Fiel Torcida, como por exemplo a versão de “Amigo” de Roberto Carlos que virou “Não Pára, Não Pára”.

Saber quem fez tais versões é uma tarefa inglória e pode terminar em briga ou até mesmo em processo. Quando uma versão cai no gosto popular, muitos são os que garantem a paternidade, alguns por glória e fama, outros oportunamente por dinheiro.

Foi durante um chá de bebê no Grajaú, Zona Sul de SP, que um grupo de pessoas puxavam um samba. De Wando à Roberto Carlos, a mulherada pedia para parar, foi então que a versão de “Amigo” nasceu. O torcedor José Rafael da Silva, conhecido como Guri, trabalhou o resto da letra que virou um dos atuais hits de sucesso nas arquibancadas do Pacaembu.

"Não Pára" (versão de " Amigo" , de Roberto e Erasmo)
‘Não pára, não pára, não pára/ Não pára, não pára, não pára/Não pára, não pára, não pára, vai pra cima Timão...
Não consigo nem dizer, tudo isso o que eu sinto/Eu só sei que até
morrer, Coringão estarei contigo
Por toda sua história, por toda sua tradição/Até o fim da minha vida, te amo Timão
Não pára, não pára, não pára/Não pára, não pára, não pára/não pára vai pra cima Timão (3 vezes).’
(YouTube: http://www.youtube.com/watch?v=lrtuaZJTDpI)

Outro hit da torcida do Corinthians, o “Loucos por ti”, foi criado por Antonio dos Santos Veiga, conhecido como Tuca e o amigo Artur Gordinho, na volta pra casa após uma partida do Timão. A letra era aquela, mas a sonoridade e o ritmo acabou mudando assim que a letra era divulgada. Mais acelerada e ritmada, a estréia do “Bando de Loucos” aconteceu em 01 de Março de 2007 na Copa do Brasil, no jogo contra o Pirambú (SE), no Pacaembú.

Tuca, que também é personagem do filme “FIEL”,  buscou reconhecimento, registrou a letra de sua “música” e após negociar com o Corinthians uma ‘compensação’ e rejeitou uma proposta de 6% nas vendas das camisas, entrou na justiça contra o Corinthians e contra a Braziline (Fabricante das camisas “Loucos por ti”) solicitando um valor aproximado de R$ 624 mil (Processo Cível n° 583.00.2009.183197-0 da 31ª Vara).

A proposta rejeitada foi divulgada pela Revista Trip de maio, onde Tuca afirmara que o Corinthians ofereceu uma porcentagem nos lucros.  – O clube ganhou uma grana com a camiseta “Loucos por ti Corinthians”, mas me ofereceram só 6% dos lucros – explicou Tuca.

Foi na coluna De Prima no Jornal Lance!, através do jornalista Bruno Andrade, que Tuca descobriu aquilo que se quer imaginou: a dimensão que tal atitude provocaria na torcida quando esta soubesse do processo e dos motivos que o levaram a tal.

A matéria disparou diversos tipos de reação ao torcedor, mesmo que a matéria fosse meramente informativa, houve uma revolta coletiva pois entendia-se que Tuca teria sido oportunista, já que recusara a proposta do clube e buscava, pela justiça, valores significativamente maiores.

Uma das reações foi externada pela Yule Bisetto, Blogueira do Corinthians no Globoesporte.com, na postagem ”Extrapolando o limite da loucura”, que só se tornou postagem por conta da constatação de que o torcedor estaria cobrando algo do Corinthians por ser autor de um grito de arquibancada. Loucura? Quem sabe? Pior é acusá-la de incitar a violência apenas escrevendo que o tal torcedor receberia mesmo ameaças. Alias, nem precisava, tava na cara.

E quando o período não é de festa, qualquer nota ruim vira furação no Corinthians. Entre amargar um empate contra o Coxa e uma derrota sonora contra o Goiás, a torcida elegeu seu alvo da vez: o criador do hit “Loucos por ti, Corinthians”. No Orkut que o assunto despertou todo o tipo de tópico, pessoas a favor de Tuca pois são contra quem publicou tal episódio e pessoas contra pois entendem ser oportunismo. Discussão sobre o que é de direito, qual a jurisprudência do assunto, quem está certo, quem está errado.

Em sua Página Pessoal do Orkut, Tuca abre o jogo e divulga sua posição sobre o assunto. O texto foi publicado no Blog do Silvinho, de Silvio Romualdo Jr., e que o sociólogo Juca Kfouri ecoa o mesmo texto como resposta em seu blog. Tuca explica que não queria ser um ‘otário’, apenas que em meio as negociações, houve um desacordo com o Corinthians e por isso processou o clube. Agora recebe ameaças, se compara à grandes compositores e finaliza dizendo que “sabemos que o Souza recebe 150 mil por mês” e questiona então que o torcedor tem direito de reinvindicar um pequeno prêmio pela devoção da torcida.

Ainda no Blog do Juca, a resposta de Sérgio Alvarenga, VP Jurídico do Corinthians sobre o assunto, informando que Tuca adotou outro tom, o de conciliador, reconsiderando o espírito inicial que levou-o a ajuizar a demanda contra o clube, encerrando o assunto afirmando que não falará sobre isso a não ser na esfera do processo.

Yule Bisetto publicou uma Carta Aberta, abordando o assunto com mais profundidade e explicando que não concorda com qualquer forma de agressão física e nem apoia qualquer movimento violento contra quem quer que seja. A jornalista Leonor Macedo externa bem o sentimento da torcida em seu Blog Eneaotil. Ricardo Tavez, do Blog Preleção, também externou sua opinião sobre o assunto. Fora que #Tuca virou Trend Topic no Twitter.

Que Tuca errou? Pode ser. Que o Corinthians não o gratificou como deveria? Pode ser. Que a indignação foi ampliada pela revolta da Fiel Torcida com o momento do time? Pode ser. Todos podem estar certos, todos errados, mas independente do juízo que seja feito, a decisão será na esfera jurídica, onde pelo que se entende, Tuca já está mais flexível e um acordo parece estar próximo.

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